domingo, 18 de março de 2012

Caminho de Santiago, a pé, 2010

Após várias caminhadas por trilhos pertencentes a “Pequenas Rotas – PR” (em grupo), e mais alguns treinos em diversos locais, resolvo aventurar-me numa viagem a Santiago de Compostela, a pé, solitário e em autonomia.

Assim, no mês de Setembro de 2010, entre os dias 18 e 24, fiz a peregrinação, pelo Caminho Central Português, com partida na Sé do Porto e chegada à Catedral de Santiago.

Após todos os preparativos, desde a preparação de uma mochila, adequada para o efeito, cheia com o mínimo de volume e peso possíveis (para 7 dias previstos de caminhada), que incluísse um saco cama (pois previa dormir em Albergues de Peregrinos), o estudo do trajeto e sua introdução no aparelho de GPS, até à preparação da credencial do peregrino,deu-se início à grande viagem.


1º dia - entre o Porto e São Pedro de Rates

O início do traçado é em circuito urbano, pelas cidades do Porto e da Maia, e só ao fim de uns bons 10 km é que se começam a encontrar estradas secundárias / municipais, um pouco menos movimentadas.

Ainda antes de chegarmos ao centro da Maia, existe uma bifurcação do caminho, que nos faz optar entre continuar em frente ou virar à direita; esta segunda opção leva-nos a atravessar a EN13, numa zona com divisórias centrais, tornando-se mais perigosa e claramente não aconselhável. A vantagem desta opção é ser um troço mais bonito, que passa próximo do centro da cidade da Maia, enquanto a primeira opção é um traçado mais a direito (um pouco mais curto).























Igreja de São Pedro de Rates


O primeiro dia de caminhada terminou em São Pedro de Rates, pertencente ao concelho da Póvoa de Varzim. Desde poucas centenas de metros antes da chegada a Rates, vim à conversa com dois irmãos espanhóis que vinham a caminhar desde o aeroporto do Porto e que ficariam também em Rates nessa noite. Ao chegar, ainda me tiraram uma foto em frente à igreja de Rates, um importante monumento românico.

Assim, ao fim de 37 km a caminhar, cheguei ao primeiro albergue de peregrinos existente no Caminho Central Português, o Albergue de Peregrinos de São Pedro de Rates. Este albergue resultou da recuperação de uma antiga casa agrícola e oferece boas condições para pernoitar uma noite. Situado à saída de São Pedro de Rates, tem próximos mais do que um restaurante e encontra-se junto a um mini-mercado. Aliás, em caso de chegada cedo ao albergue (os hospedeiros só chegam para abrir as portas após as 16-17hr), as chaves estão disponíveis no mini-mercado.

Nessa noite fomos mais de 30 pessoas a dormir no albergue, de várias nacionalidades, de ambos os sexos e de diferentes idades, desde casais de meio idade ou casais mais idosos, até peregrinos caminhando sozinhos, quer homens, quer mulheres. Portugueses éramos apenas 3 ou 4.

Cheguei a Rates já um pouco maçado, especialmente nos pés, tendo constatado que já se formavam as primeiras bolhas, embora até aí não tivessem sido muito perceptíveis. Após um bom banho reconfortante, fui jantar num dos restaurantes existentes e deitei-me cedo, pelas 22hr, para que no dia seguinte pudesse acordar por volta das 6hr, para iniciar o novo dia de caminhada. 


Albergue de Peregrinos de São Pedro de Rates





2º dia - entre São Pedro de Rates e Vitorino de Piães

No segundo dia comecei cedo, por volta das 7hr, tendo sido, pelo que me apercebi, o segundo peregrino a sair do albergue. O tempo estava bom e, pouca distância depois da saída, começa-se a caminhar em trilhos de terra, que atravessam várias zonas agrícolas.






O primeiro centro urbano por onde atravessei no 2º dia foi a cidade de Barcelos. Como o caminho atravessa por todo o centro da cidade, esta passagem é interessante para quem não conhece Barcelos, desde a ponte sobre o rio Cávado, até à rua (pedonal) onde se centraliza o comércio tradicional da cidade.







Após a travessia de Barcelos, o caminho continua por diversas zonas rurais, passando por uma ponte de pedra com uma pequena praia de rio (dá para tomar banho), até chegar à localidade de Vitorino de Piães, onde encontrei a casa da Fernanda. Esta casa particular, onde vivem a Fernanda, o marido Jacinto, e a fiha Mariana, permite alojamento aos peregrinos, num pré-fabricado com todas as condições que instalaram na área envolvente da casa. Foi um ótimo local para pernoitar na 2ª noite, na companhia da simpática família e de outros peregrinos que também aí ficaram nessa noite.


























3º dia - entre Vitorino de Piães e Rubiães

O terceiro dia, mais uma vez, começou bem cedo, pois o sabia que, após Ponte de Lima, teria de vencer a serra da Labruja, local emblemático do caminho português. Sempre a bom ritmo, mas com alguns sobressaltos devido a bolhas nos pés, o dia correu bem, até chegar ao albergue de Rubiães, onde fui tratado por uma senhora da Póvoa de Varzim.
 





































4º dia - entre Rubiães e Porrinho

Com as bolhas rebentadas e devidamente tratadas, arranquei para mais uma dia, na expetativa de entrar em Espanha (como se veio a confirmar). Para além da grande quantidade de zonas rurais e de trilhos, o caminho atravessa pelas cidades de Valença e de Tui, até chegar à cidade de Porrinho, onde fiquei instalado no albergue local.




















































5º dia - entre Porrinho e Pontevedra

O 5º dia de caminhada não começou da melhor maneira, uma vez que, saindo à mesma hora dos dias anteriores, ainda estava noite cerrada (em Espanha é mais 1 hora do que em Portugal), o que dificultou a progressão na primeira hora de caminhada. Após isso, tudo foi normal, até à chegada a Pontevedra, onde fiquei instalado no albergue de peregrinos.
 































6º dia - entre Pontevedra e Padrón

No 6º dia de viagem, comecei a fazer algumas contas para prever o dia e a hora de chegada a Santiago, tendo chegado à conclusão que sería interessante dormir neste dia no albergue de peregrinos de Padrón, pois assim podería ser possível chegar a Santiago no dia seguinte, pela hora de almoço.


































7º dia - entre Padrón e Santiago de Compostela

Neste último dia de viagem, a distância a percorrer até Santiago era menos de metade da distância percorrida nos dias anteriores, pelo que tentaria chegar a Santiago pela hora de almoço, o que veio a verificar-se.